“Bilhetinho é coisa de menina, homem que é homem fala na cara”
Adivinhem, pelo menos tentem, saber a origem desta fala, seu contexto, o lugar, o motivo.
Vinda, do mesmo lugar onde se tem fila para menino e para menina na hora do hino. De onde, atividade para o Jardim I tem princesa e tem carro. Tudo bem divididinho. Onde a lembrancinha rosa vai para as mocinhas, e a azul para os rapazes. Vinda de onde a segregação é nítida; Damares ficaria orgulhosa.
Acho, que às vezes as pessoas que executam esse atos nem ao menos se dão conta do que fazem. É algo que vem com a gente de geração a geração. A frase, citada no começo, foi dita por quem deveria dar exemplo, e que, por séculos de conceitos e preconceitos, passa adiante essa ideia que apenas nos separa.
E, infelizmente, é por aqui que este problema perpétua, na escola.
Divisão para fila, conceitos impostos, nem as tarefas ficam de fora. Tudo desde pequeno nos leva a segregar. Menino faz isso… Menina faz aquilo… E, constantemente, menino/menina não faz isso, seguido pelo famoso, isso é coisa de menina/menino.
Um aluno, pego passando um bilhetinho, foi repreendido e humilhado da pior forma, sendo comparado a uma menina. Pois, é com base nessa noção que essa ideia de segregação age, você se assemelhar de qualquer maneira a uma mulher, não ser nada menos do que Macho, não é aceitável não senhor. Rapazes não trocam bilhetes, rapazes resolvem as coisas no braço.
Sigo pensando aqui
O quão somos responsáveis pelo machismo e patriarcado continuar?
Quais conceitos estamos enraizando em nossas crianças?
Essa forma de educação, está funcionando?
Quais são suas consequências?
Fomos postos em caixas, e pelo jeito, tá bem difícil deixá-las para traz.
Se sentar, e observar uma sala de aula, é uma experiência reveladora…
Nos separaram. Nos ensinaram que a mulher é inferior ao homem. E depois, desejam que vivemos felizes para sempre juntos em comunhão de bens.